Muito mais que entender o outro eu sempre quis e procurei me entender. Saber como se processam todos os meus sentimentos e minhas reações a provocações diversas; saber como e o que desencadeia em mim a ternura, o medo, a raiva, a angústia, a tristeza, a esperança. Das coisas boas eu aceito bem que tenham sido provocadas por algo externo; das ruins aceito menos. Aceito menos, mas atribuo mais. E acho um desaforo! Como fui permitir que alguém me fizesse tanta raiva? Como deixei que me magoassem? Como aceitei que me provocassem medo? Esses questionamentos se intensificam mais quando tenho a oportunidade de conversar com alguém que me motiva a pensar mais sobre mim e sobre o que me afeta. Conversa como a que tive ontem com um querido me faz ficar mais conhecedora de gentes: dos outros e, principalmente, de mim mesma; me faz prosseguir por horas e dias o diálogo iniciado desse encontro, só que agora somos só eu e eu. Mas prossigo bem... chegando a algumas conclusões boas. Outras nem tanto... mas vou indo, crescendo e querendo mais diálogos como os de ontem. Fico querendo mais diálogos sem pausas; dos que emendam um assunto no outro; dos que há discordância de ideias, mas não de intenção; dos que buscam o melhor de uma amizade e de cada um; dos que permitem o crescimento do outro e meu; dos que me esclarecem mais sobre mim mesma; dos que me faz ser parte daquele poema registrado em um cartão de há muitos e muitos anos e que nunca me sai da memória: "sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes*." Quero mais desses diálogos. Mereço. Merecemos. Cara, vê se não demora mais tantos anos, viu?
*Fernando Pessoa, em Ricardo Reis
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