Brasília não é só a cidade do céu mais lindíssimo do mundo; a cidade dos homens, como costumo falar; dos políticos safados; das gentes que trabalham muito e correm mais ainda; dos motoristas que param para pedestres passarem. Brasília é capital do táxi e seus taxistas. E esses taxistas... pensei conhecer bem: sempre solícitos, discretos, amigáveis, sem preconceitos. Até que me aparecem dois atípicos, mas tão atípicos que me deixaram paralisada sem que eu conseguisse argumentar, xingar, brigar. Não só a mim. Marina até falou alguma coisa, mas não como sempre fala; com veemência.
Vamos aos fatos. O primeiro deles, o de domingo à noite, sem mais nem menos começou: tão vendo esse lugar aqui? só dá viado (sic); esse grupinho aqui, aquele ali, só tem viado e eles vão se reunindo, sobem todos para a quadra... (esqueci o nome) e vão fazer programa. Esse mundo tá acabado, no meu tempo não tinha essa viadagem toda, sei que não tenho nada com isso, mas não entendo E a gente é obrigado a ver por aqui viado e sapatão.
Marina balbuciou algo como "a vida é deles, se eles são felizes, ninguém tem nada com isso", frase que foi atropelada pelas frases odiosas dele. Eu rascunhei um "os de sua época estavam infelizes no armário", mas ele, também, não me ouviu. E, graças a Deus, chegamos ao nosso destino, descemos do táxi, olhando uma para a cara da outra meio que dizendo hãnn??? Claro que o nosso espanto rendeu uma conversa longa...
O segundo taxista, de segunda-feira, foi o que me levou para a rodoviária. A grosseria dele começou quando nos localizou na rampa do prédio de Marina. Ao nos identificar, seguiu em frente sem se oferecer para carregar absolutamente nada; saiu pisando firme, machão, meio que dono do mundo. Ao sair do estacionamento onde estava, e depois de saber nosso destino, ele falou que aquela era uma corrida que não costumava fazer. Sugeriu, então, que Marina indicasse o caminho. No que ela se prontificou, claro.
Poderia ficar por aí, né? Mas não! O educadinho, com toda 'sabedoria', disse que tinha costume de fazer corrida para a Rodoviária só do Lago Sul nos finais de semana. O Lago Sul é conhecido por habitantes mais ricos; adendo importante, juro. E o merdinha teve a bondade de acrescentar (sic sic sic sem fim, para a frase dele): "nos final de semana eu pego as empregada doméstica e levo na rodoviária porque elas tem costume de viajá de ônibus pras cidade delas, onde mora os pais, as famia"
Corta pra mim!!
Olho para Marina, ela olha para mim e juro, balbuciamos: hãn???? E com esse motorista não conseguimos criar nenhuma frase resposta.
E eu voltei de Brasília muito indignada com esse lado da cidade linda que eu não conhecia. Fiquei extremamente indignada com esses dois motoristas e com minha inércia verborrágica.
Só uma palavra feia como essa verborrágica para ilustrar a feiura que foi conhecer Brasília de seus taxistas preconceituosos e visitantes sem reação diante de tamanho absurdo.
Voltei cho-ca-da, apesar do céu mais lindo do mundo!!
Um comentário:
Foi bem assim mesmo, estou com o hânn engasgado até agora.
Amei o texto mamis
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