sábado, 3 de janeiro de 2015

Palavras, quaisquer palavras

Comecei a ler o livro de Fernanda Torres, o "Sete Anos" e no início me deparei com a expressão  "quaisquer outras vontades". Pensei: quaisquer é uma das palavras mais bonitas de ouvir, falar, ler e escrever. Daquelas palavras chiques e fáceis. Porque tem o chique difícil que não gosto muito... Quaisquer dá uma importância tão grande a uma frase que se não estivesse ali, seria uma frasezinha qualquer. Porém, quando usada, é quaisquer que dá o tom, comanda a frase, o texto, o autor e o leitor. 

Em contrapartida tem umas palavras que são feias dum tanto, como: também, mesmo, multidão, discussão, relação.

De vontades, que Fernanda usou no mesmo fragmento, gosto bastante, como gosto de contínua, abstração e fascínio.  

Já é palavra feia, assim, como assim, isso e ademais. Aliás - que adoro - odeio ademais. A impressão que tenho é que o falante ou escrevente de ademais é um velho sisudo de toga preta, martelo numa mão, bíblia na outra e a cabeça cheia de pensamentos maus. Ademais é uma palavra que não harmoniza, que é usada para impor respeito com quem não deveríamos ter, é o que me parece.  

A turma do direito gosta de ademais e a usa demasiadamente. Quando posso interferir nos textos com que trabalho, tiro todas; quando não posso com o texto, acrescento uns ademais, só pra fazer de conta que a frase ficou mais bonita, pelo menos para eles, os do direito. Há quem goste do que é feio, para mim.  

Sei lá o porquê desse post de hoje, sei que senti vontade de falar de quaisquer... de qualquer coisa, na verdade.  

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