sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Dos babacas subjugadores

Muito do que observo no outro não ocorre apenas por curiosidade. Levo bem mais em conta o que quero ou não quero fazer igual. O que quero ou não quero ensinar às minhas filhas. Sim, mesmo elas crescidas, sinto como dever principal o ensinar, ensinar e ensinar...

Nessas minhas observações percebo que pessoas - antes frágeis emocionalmente, financeiramente, afetivamente - quando se sentem mais fortes, subjugam os demais; inclusive a quem pediu colo quando fragilizadas. 

Quando essas atitudes batem na minha cara, muito mais que decepcionada eu me questiono: faço isso também? Porque se faço, não aprovo. Não gosto de me saber com esse mesmo comportamento egoísta. Acho feio. Menor.  

É claro que quando algo desse nível acontece diretamente comigo, a chateação é maior e fico - nessa ordem -: magoada, puta da vida, foda-se!! A fase mais intensa é a puta da vida, e a mais duradoura e muitas vezes para sempre, é o foda-se. Na fase puta da vida quero distância, preciso de um tempo longe; na fase foda-se, até convivo, mas sem entrega. 

Eu tenho uma amiga muito querida, de quem morro de saudade, que um dia me disse que essa história do mais forte subjugar o mais fraco desencadeia as guerras no mundo e os conflitos entre as pessoas. E ela ensinou a seus filhos a nunca se comportarem dessa forma. Jôzinha, te amo!!! Venha logo me ver, tô carente... (chantagem, claro).

Percebo, nessas minhas observações, que de igual para igual o outro nem sempre tem peito para peitar atitudes, indiferenças, pouco caso, maldades. 

Há muitos anos, quando trabalhava no Banco eu pagava às minhas ajudantes: empregada, passadeira e lavadeira - sim, contava com todas elas - o 13º e as férias. Elas, todas elas, ficavam de boca aberta sem entender o porquê disso. Sem entender por que mereciam esse pagamento. Para mim essa questão era como a tabuada de dois: simples. Eu recebia esses benefícios, por que não pagar? Àquela época eu assinava apenas a carteira das *empregadas; passadeiras e lavadeiras eram diaristas; mas pagava a todas, sem distinção. E nunca entendi quem não fazia de forma parecida. Sempre senti nesse não fazer, como eu fazia, uma forma de subjugação.

Eu dou muito graças a Deus de ter tido esse tipo de comportamento quando podia financeiramente. Quando eu era, se é que me entendem, mais forte. Tanto que todas elas gostam de mim até hoje. Vide a tão famosa Abadia que começou, há cerca de 23 anos, lavando roupas e hoje vem uma vez por semana cuidar de mim e da casa. Por ser como fui, hoje ela é minha comadre e minha amiga. Eu fui beneficiada por um comportamento que considero o ideal. E se eu tivesse sido babaca?? Subjugadora? Poderia contar com ela em tempos tão difíceis? Evidentemente que não. 

Entretanto... o "subjugar o outro" que mais me incomoda não é o financeiro; é o emocional, o afetivo. No fundo, bem no fundo tenho pena dessas pessoas e creio que elas são bem menores do que se consideram. Eu não quero ser como elas são. Por isso me observo e me policio. Erro, às vezes, claro, mas não deliberadamente. 

Ontem presenciei uma 'malhação' deliberada para com o mais fraco, motivo desse meu post, da minha análise e do meu pedido a Deus: nunca me deixe agir assim, nem minhas filhas.  
É isso...



*Houve um tempo em que assinar carteira não era o normal. Até que um dia decidi: se não aceitar que eu assine, não quero. Estranho, né? Mas isso é assunto para outro post.

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