segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Desassossego

Deitei-me num desassossego só. Repassei o dia, a semana, as últimas semanas - essa merda toda do mês de agosto, na verdade - para tentar enxergar o nó. O nó cego, no caso. 

Encontrei: mudanças na vida das duas filhas - algo que tira o sossego delas e o meu; gripe e dores no corpo que me impediram de desenvolver as senzalas, de forma ideal, nas últimas semanas; livros de estudo na mesa esperando folga da gripe e da senzala para um preparo mais digno, etc., etc., etc. Mas não... não encontrei a causa. Não encontrei o nó.

Descrente porque o sono não vinha peguei livro novo da Maitê Proença "É duro ser cabra na Etiópia" que ganhei da pititinha e fui ler. Fiz algumas reflexões, dei mil risadas com duas histórias e nada... Hora de parar, então, de ler e buscar o sono. Afinal, a segunda-feira tinha que recuperar parte das semanas meio infrutíferas.

Com dificuldade dormi. Desassossegada. Cabeça quente. E coçando. Talvez fosse isso: não lavei a cabeça de dia como deveria. E precisava. Sabem o que é? Depois que fiquei de cabelos brancos a necessidade de lavá-los dia sim, dia não, é imperiosa. Não perdoa, se não cumprida. Não perdoou. Quem sabe o grude (tá, não tanto rs...) da cabeça fosse a causa?

Dormi agitada. Sonhos estranhos e ruins. Acordei assustada com o despertador, exausta e mais desassossegada ainda. Mas que seria?

Fui logo resolver uma das possibilidades: lavar cabeça. No que passei a primeira mão de shampoo, o telefone toca. Deveriam ensinar na vida, assim que como se ensinam os primeiros passos e o bê-a-bá, que ligar pros outros antes das 8h30 em dia de semana, e antes do meio-dia, aos domingos, não é interessante. Nem educado (mas isso é papo para outro post). 

Cabeça limpa, aflição sem passar. Curiosa sem saber quem ligou. E por que ligou... eis que chega o momento de abrir janelas, deixar a luz do sol entrar (ui...rs). Quem sabe escancarando tudo, ficando tudo às claras consigo ver aquele nó. O cego.

E vejo. Os nós, na verdade. Dou de cara com o portão sem cadeado e as janelas daqui do micro abertas. As duas janelas. 

Quando fico meio estranha como estava ontem eu repasso o dia, os dias se preciso, para encontrar entraves nas lembranças do que fiz, vivi. É um exercício interessante. Nó percebido faço uma das duas coisas: ou desato, como faria se o encontrasse ontem ou reflito sobre como desatá-lo depois... 

Repassei tudo ontem antes de me deitar. Quedizê... tudo não. Não repassei na memória a ronda cotidiana noturna pela casa.  

Inda bem que o nó afrouxou um pouco quando constatei, mais uma vez, que Ele tá de olho por aqui. Mas né... até Deus cansa.

O duro é não ter com quem dividir a culpa do desassossego com aquele blá-blá-blá sem fim: mas você tem que me ajudar na segurança da casa; por que não trancou o portão? mimimi...

E agora tô aqui pensando cá com meus nós: se é duro ser cabra na Etiópia imagine ser anciã, solitária e desassossegada. E em agosto.




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