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Mas ela, desconfiada do paradeiro dele, pegou o carro e chegou àquela rua. Notou os dois em atitude nada suspeita aos olhos de quem os visse. Pareciam amigos. Só.
Mas ela notou, também, que ele colocou algo no bolso do paletó dela. Era julho, tempo frio.
Esquentada com o que viu, perdeu a direção do carro, subiu na calçada e furou um dos pneus.
Desceu, cumprimentou os dois e pediu que ele trocasse o pneu do carro e depois fosse buscar as filhas. Ela ficaria ali pra bater um papinho com a mocinha meiga.
Perguntou à mocinha, assim que ele se foi, o que ele colocara no bolso de seu paletó. No bolso? Nada, ela disse. A conversa prosseguiu: improdutiva. Daquela mulher não arrancaria nada e muito menos daquele bolso.
Ao chegar em casa, perguntou o que ele colocara no bolso dela. Nada, ele respondeu igual. Ensaiados.
Descobriu dias depois, ao mexer nas coisas dele, em retribuição à mexida que ele dera na sua vida, que o casal trocava poemas e cartas de amor. Havia cartas dela e até um rascunho (rascunho!!) de um poema dele para ela. Romântico.
Leu tudo, com gosto, mas com gosto bem oposto ao que sentiu quando o viu naquela posição ridícula e todo "arrumadinho" trocando o pneu do carro; sujando roupas e mãos.
Ao terminar de ler aquilo tudo, encerrou investigações sobre os sumiços constante dele e deixou, para resolver depois as demais questões que envolviam filhas, casamento, amiga, cartas, bolsos, quiçá pneus...
Um comentário:
Cartas de amor... ridículas?
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