“Você está confundindo as coisas”, ela disse. E deu por encerrada aquela discussão imbecil, sem pé nem cabeça.
Era sempre assim, nos últimos tempos. Por qualquer razão se desentendiam e, agora, por mais que tentasse explicar que a porta bateu por causa do vento forte que veio da janela, ele diria que não; diria que ela, num momento infantil, achou melhor se trancar no quarto do que resolver mais uma pendenga.
E a pendenga era: iam pra casa dos pais dele de carro ou avião?
Ela sugeriu ir de carro, pois o caminho era um espetáculo e, agora, com a nova máquina, poderiam tirar lindas fotos.
Ele “cismou” que ela queria adiar a chegada na casa da sogra. “Como assim? Eu adoro sua mãe, tá louco?”.
Era sempre assim, nos últimos tempos. Por qualquer razão se desentendiam e, agora, por mais que tentasse explicar que a porta bateu por causa do vento forte que veio da janela, ele diria que não; diria que ela, num momento infantil, achou melhor se trancar no quarto do que resolver mais uma pendenga.
E a pendenga era: iam pra casa dos pais dele de carro ou avião?
Ela sugeriu ir de carro, pois o caminho era um espetáculo e, agora, com a nova máquina, poderiam tirar lindas fotos.
Ele “cismou” que ela queria adiar a chegada na casa da sogra. “Como assim? Eu adoro sua mãe, tá louco?”.
“Adora nada”, ele falou, e prosseguiu irritado: “ontem você dizia pra minha irmã que ela tava de mentirinha, eu ouvi.”
"Você ouviu a conversa entre mim e sua irmã? mas você nem sabe de que mentirinha se tratava! Nunca ouviu falar em mentira azul?” ela falou tudo de uma só vez; estava intrigada e não acreditava no rumo daquela conversa. Vontade grande de deixar tudo limpo.
“E mentira agora tem cor hahahaha não me faça rir. Ir de carro, tirar fotos é também uma mentira azul?”
Pronto!! Como explicar que combinavam uma festa surpresa pra ele, se era surpresa? Como contar que a mentirinha da qual ela e sua cunhada falavam foi a que sua sogra contara ao seu amado filhinho, seu atual marido cricri, pra que ele viajasse sem muito reclamar? Porque com a mamãe doentinha ele não resistiria e faria a segunda viagem no mês.
Achou melhor ficar quieta, sorriu e disse com voz calma, imaginando dar certo: “fica frio, um dia saberá do que se trata, você está confundido as coisas.”
Foi então que saiu da sala, abriu a porta, veio o vento... o marido atrás, e aquela frase, como num eco... ficou ali, martelando sua cabeça: “você está confundindo as coisas”...
“E mentira agora tem cor hahahaha não me faça rir. Ir de carro, tirar fotos é também uma mentira azul?”
Pronto!! Como explicar que combinavam uma festa surpresa pra ele, se era surpresa? Como contar que a mentirinha da qual ela e sua cunhada falavam foi a que sua sogra contara ao seu amado filhinho, seu atual marido cricri, pra que ele viajasse sem muito reclamar? Porque com a mamãe doentinha ele não resistiria e faria a segunda viagem no mês.
Achou melhor ficar quieta, sorriu e disse com voz calma, imaginando dar certo: “fica frio, um dia saberá do que se trata, você está confundido as coisas.”
Foi então que saiu da sala, abriu a porta, veio o vento... o marido atrás, e aquela frase, como num eco... ficou ali, martelando sua cabeça: “você está confundindo as coisas”...
Ela se sentia cansada dessa confusão que se tornara rotineira; de ter que explicar tudo, várias vezes, até que ele entendesse. Nem sempre foi assim, ela se recordava bem.
Era a segunda vez naquela hora que dizia a frase maldita; a centésima, naquela semana; e sabe lá quantas mil, nos últimos meses.
Respirou fundo, pensou intensamente sobre, abriu as gavetas e começou a tirar suas roupas. Do maleiro, pegou a mala maior.
Ele percebeu aquela movimentação e: “não acredito que a menininha resolveu, de última hora, que vamos de avião. Não queria ir de carro?”
Era a segunda vez naquela hora que dizia a frase maldita; a centésima, naquela semana; e sabe lá quantas mil, nos últimos meses.
Respirou fundo, pensou intensamente sobre, abriu as gavetas e começou a tirar suas roupas. Do maleiro, pegou a mala maior.
Ele percebeu aquela movimentação e: “não acredito que a menininha resolveu, de última hora, que vamos de avião. Não queria ir de carro?”
Ela parou o que fazia: “falei que vou de avião?”
Ele veio disparado: “ué, você não está arrumando as malas agora? O avião sai daqui três horas. Se formos de carro, as malas podem ser organizadas mais tarde, como sempre fazemos... e não me diga de novo que estou confundindo as coisas”.
Ela terminou de arrumar as malas, olhou séria pra ele e: "tá confundindo as coisas sim, vá você sozinho pra casa de sua mãe, depois ligo e explico a ela o porquê, pois pra você eu cansei de me explicar. Tô fora desse casamento. Fora e, por favor, não confunda as coisas, isso não é mais só uma briguinha; é separação.”
Ela terminou de arrumar as malas, olhou séria pra ele e: "tá confundindo as coisas sim, vá você sozinho pra casa de sua mãe, depois ligo e explico a ela o porquê, pois pra você eu cansei de me explicar. Tô fora desse casamento. Fora e, por favor, não confunda as coisas, isso não é mais só uma briguinha; é separação.”
Cansada daquela atual e triste rotina, pegou as malas, saiu do quarto e disse, por fim: “entendeu agora, porque você não quer que eu desenhe, quer?”
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Este post faz parte de um projeto de Rafael Gloria, do “Blog sintonizados”, e teve como regra -neste mês de aniversário do Sintonizados - que frases fossem indicadas por cada um dos participantes do blog para serem a primeira frase do post de outro participante. As frases sugeridas foram sorteadas e eu sai com “Você está confundindo as coisas”, de Débora, desse blog aqui.
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Este post faz parte de um projeto de Rafael Gloria, do “Blog sintonizados”, e teve como regra -neste mês de aniversário do Sintonizados - que frases fossem indicadas por cada um dos participantes do blog para serem a primeira frase do post de outro participante. As frases sugeridas foram sorteadas e eu sai com “Você está confundindo as coisas”, de Débora, desse blog aqui.
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A imagem eu tirei daqui
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4 comentários:
E depois relacionamentos "não são" complicados... Aliás, isso já virou um sinônimo!
Muito bom o texto, uma ilustração genial das corriqueiras discussões entre casais que existem (e persistem) pelo mundo todo, desde os primórdios dos dias!
Parabéns!
Adorei, melhor ainda porque a mulher chutou o balde e foi embora!
Isso mesmo mulherada, tá na hora de reagir.
Muito bom!!!!!
Chega uma hora que cansa mesmo... rs
♪ Outro amor se acabou... ♫
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