sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Trinta e seis meses e o dossiê engodo

Trinta e seis meses. Há exatos três anos que ela não tem mais notícias daquele engodo que conheceu pela internet: cara de bom moço, rico, inteligente, viajado e culto.
Bichado, na verdade. Por que desde quando uma preciosidade dessas anda solta por aí nesse mundo virtual de meu Deus?
No início ela desconfiou um pouco daquela luminosidade toda, mas depois botou fé porque ele tinha uma memória de elefante, aliada a uma atenção desmedida. Guardava tudo que ela havia dito nos primeiros dias de teclada virtual...
Levou um susto, um bom susto na verdade, quando ele perguntou sobre filho que havia destroncado o braço, exatamente, no primeiro dia que se “conheceram”. Ela recordar do dia era normal... mulher e o filho era dela. Mas ele?
E depois, quando perguntou pela avó que tinha Alzheimer, pela colega de faculdade que havia abortado e mais e mais e mais...
Pronto, “ganhei um apaixonado”, ela pensou e, de quebra, se apaixonou perdidamente.
Mas eu, calejada com esses merdas virtuais cantei a pedra, sugeri que ela ficasse esperta e disse: “esse cara deve guardar os papos de vocês e consultar quando precisa. Assim, ele ganha sua confiança e você perde o sossego.”
E ela foi perdendo o sossego mesmo. Eram muitos e-mails por dia, mensagens no celular, recados no msn, um verdadeiro inferno. A atenção virou pressão. E minhas palavras martelando o ouvido dela. Afinal, euzinha aqui também já caí no papo de engodos virtuais com ramificações até piores que essa (mas isso é papo pra outro post... ou não...).
Até que um dia ela resolveu entrar numa dessas salinhas de bate-papo onde eles frequentavam, com outro nick. Antes havia dito que ia ao aniversário da avó. E foi, mas na casa da vó pegou o lap e começou um papo com o "amado", agora ela travestida de outra. Resolveu ter também uma personalidade diferente da sua, inclusive com jeito diferente de escrever. Aliás, fui eu quem a aconselhei, sugeri que escrevesse pra com acento, que risse diferente do usual – com vários gês – que escrevesse “mais” em vez de “mas”, nada do que ela, normalmente, escrevia (já peguei um namorado mentiroso assim... haushauhs. Burros).
E assim ela fez. Que luta foi driblar o sujeito com duas dela.
Até que um dia ela, de ela mesma, mandou um arquivo pra ele com o nome: “dossiê engodo”. Nome que eu também sugeri, pois me sentia vingada.
A propósito, eu também tenho um dossiê (mas isso é papo blablabláss...).
Foi mandar ela o e-mail com o arquivo e babau: nunca mais teve notícias do sujeito.
Conversei com Márcia (digamos assim), há duas semanas e perguntei pelo tal. Ela me disse que fazia exatamente três anos do dossiê e sem sabê-lo. Nunca mais viu o nick, mas também nunca mais frequentou essas salas.
No que ela falou "exatamente três anos" eu pensei: porra meu, bom mote pro post trinta e seis... Afinal, tudo é motivo pra eu completar essa minha série maluca.
Obrigada ao cara babaca, à minha amiga e ao dossiê engodo, pela possibilidade desse post. Inda bem que sei tabuada de três...(tá, eu não presto e sou rEdícula, mas me divirto, confesso... hauhaushsuhuas).

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