domingo, 11 de julho de 2010

“S”ai de mim, clichê – Postagem temática*

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Algumas “falas prontas”, os tais clichês da vida, me irritam demasiadamente. Pra ser mais exata eu diria que 99% deles têm o dom de me tirar do sério. Assim como me irrita alguém, achando que vai me consolar, dar exemplos nada a ver com o que eu vivencio e conto na hora. É alguém me falar “nada é por acaso”, “podia ser pior” "com fulano aconteceu isso..." e... afins, que eu explodo. Sinto um verdadeiro ‘ímpio’ (não, não tá errado. Você que me lê pela primeira vez; a explicação de ímpio tá aqui).Não me venham também com essa de que “alguém passa por situação pior, Rosana”. E daí? Foda-se!!! O maior problema do mundo é aquele que eu vivo ou vivi. E só!!!Por certo, já tem alguém pensando: “poxa, que mulher mais da egoísta.” Gente, eu não sou, juro procês. Das poucas qualidades que tenho uma delas é a generosidade. Sofro com o sofrimento de quem eu gosto, sou boa ouvinte e procuro acalentar quem precisa. Isso é fato!!
Porém, nesse post aqui “estou” egoísta sim, e falo de mim.
Vejam vocês... depois de um arrombamento aqui na minha casa, em que me levam, além de coisas materiais, meu sossego, vem uma “alma inquieta**” pra me dizer: “poderia ser pior, Rosana, e se vocês tivessem em casa?” Hãnnnn?? Como assim? Eu vou me consolar só de imaginar que poderia ser pior? Foi muito, muito pior que alguém possa imaginar e, pra mim, isso basta. Claro que a vida continuou, que parei de chorar depois de uma semana e três dias e que hoje é só uma história. Mas na época foi muito ruim e fui obrigada a ouvir uma porrada de frases clichês que pouco me interessavam e ouvir outras tantas histórias que me interessavam menos ainda - como se eu tivesse medindo sofrimento, tragédia... Não... eu estava só contando e vivendo a MINHA tragédia.
Teve um sujeito, por exemplo, que me pediu pra contar o ocorrido e, em meio ao meu relato, me interrompeu com essa: “nossa, entraram na casa da-prima-da-cunhada-da-irmã-da-minha-vizinha-da-puta-que-pariu e...” E... eu não deixei o fulano terminar e disse: e daí? Não conheço essa pessoa e estou te contando – porque me pediu – do arrombamento na MINHA casa.
E no dia que contei que uma de minhas filhas, mesmo depois de aprovada em primeiro lugar nos testes pra um emprego, não foi chamada? Contei porque a pessoa perguntou por ela. Aí vem sujeito “do bem” e solta a famigerada frase imbecil: “nada é por acaso”... o
caralho, o cu arrombado de quem fala! O emprego era dela e se estivesse sido chamada quando desse direito teria tido a oportunidade de começar, mais cedo, sua vida profissional.
Houve um dia, também, que contei que minha grandona passava um dobrado lá na terra dos homens (Brasília, pra quem pouco me conhece), andando com uma maca maior que ela, que se cansava em excesso e, até por isso, queria comprar um carro pra ela. A amarela que me perguntou por minha filha empinou o nariz, e com aquele ar de eu-sei-tudo-da-vida-me-escuta, assim falou: “Rosana, nosso filhos precisam sofrer, passar trabalho, pra valorizarem o que sempre tiveram.” Eu dei um pulo de onde eu tava sentada e só não avancei na pessoa porque cadeia não é minha praia. Como assim: “alma inquieta”? Como alguém pode dizer, em sã consciência, que filho precisa sofrer pra dar valor no que tem?” Alôôôuu!!
Ãhãnnn, senta lá Claudia.
Em relação às coisas boas há, também, sempre um amarelo com os tais clichês, na ponta da língua, pra cuspir na cara da gente. É você contar que seu romance tá bom, que o sujeito é do bem, carinhoso e gostoso, de preferência, vem um e diz: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Há até os que dizem o tal "nada é por acaso"... urrghhhh!
Do que não quero saber? De clichês; de exemplos utilizados pra me consolar; de areia na minha felicidade; de gente programada que tem sempre uma frase pronta e certinha, pra dizer na hora errada. Sai de mim!!!
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* Este post "catarse" faz parte de um projeto de Rafael Gloria, do “Blog sintonizados”, e teve como tema, sugerido por mim, inclusive: “do que eu não quero saber”.
O post atende, também, a sequência “abecedarística e bobística” da pessoa aqui, que é sim, cheia de TOCs...
**Alma inquieta eu “peguei” de Maurício de Souza e conto
aqui
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5 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a parte em que você fala do 'nada é por acaso' hauahuuh!
Colei no word pra ver do que se tratava e ri alto!

Só você, Rosaninha!

Anônimo disse...

Putz. Nem boa intenção resolve, né?

Gostei de ver aí a mãe valorosa que é.

Abraço e parabéns por isto e pela postagem.

Vinicius disse...

"Os tais clichês da vida, me irritam", eu sei como é. Já me irritaram muito nesta vida. Até o dia em que descobri, que eu era um clichê, e dos bem clichê. Mesmo assim eu me irritava.
Agora eu os tento amar!

Rafael Freitas disse...

A sra se irrita muito fácil!
A vida é assim: num dia a gente perde, noutro a gente ganha!

(Não, eu não vou mandar isso como comentário! hahaha)

Rosana Tibúrcio disse...

E perde até 'amigo', né? Lembra? hahaha