segunda-feira, 30 de junho de 2008

Atitude versus índole

Este post também poderia se chamar: "esmiuçando mais um pouco a piadinha japonesa."
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Nos trabalhos acadêmicos que faço ou oriento há um acordo tácito entre mim e o cliente: entrego na data tal e, recebo a grana, na data xis e de tal forma.
Ocorre que há duas semanas, mais ou menos, F.Q. (usando aqui o mesmo critério do autor de "Quando Nietzsche chorou" rs) me procurou pra eu fazer um certo trabalho. Combinamos o dia da entrega e a forma de pagamento: primeira parcela no dia que peguei o serviço e a última no dia da entrega.
A primeira parcela me foi entregue dois dias depois. Tudo bem, deixei "rolar", atribui essa atitude a uma possível correria...
Dia de entrega do trabalho. Minha parte, no nosso acordo, estava cumprida; como sempre cumpri, aliás.
Trabalho encaminhado via e-mail na quinta-feira de madrugada. A cliente responde e diz: "passo aí mais tarde para acertar o valor combinado".
Passou??
Ah, passou!! Passou sexta, sábado, domingo, segunda e, na terça (5 dias depois) eu fiz um e-mail cobrando, e citei, inclusive, a fala dela, sobre "passar mais tarde". Tá, eu sou um pouco atrevidinha, confesso!!
Eu não trabalho para fazer graça pra ninguém, trabalho porque preciso, e muito. Nesse e-mail eu até fui educada dizendo que imaginava que alguma coisa poderia ter ocorrido para que ela não viesse aqui me pagar; mas fui extremamene franca dizendo o quanto estava aborrecida.
Na verdade, eu "julgava" uma atitude dela. Nunca a índole, principalmente, porque a impressão que tive e ainda tenho é de que ela é uma pessoa honesta, só não cumpriu determinado trato e não se preocupou em me dar satisfação ou em imaginar que eu precisava da grana.
À noite a moça apareceu e eu: "então, tive que fazer um e-mail para você, pois cinco dias se passaram do combinado e eu precisei do dinheiro."
Pra quê?!?!
A mulher "virou o vento".
Disse que não havia recebido e-mail algum, que era um absurdo eu ter achado ruim, e queria saber porque eu não liguei cobrando e blá... blá... blá...
Hãn??? Imagine se eu ligo cobrando? Eu era uma mulher morta.
Mas a coisa não acaba aí. O que mais me deixou indignada, foi ela me falar - e com a voz alterada, quase gritando - que eu diferenciava pessoas pequenas e grandes, na forma de tratar, de abordar.
Como assim?
A mulherzinha havia me conhecido há menos de quinze dias e nesse tempo deu pra ela saber como eu sou na minha índole?
Porque esse "parecer" da moça é algo inerente à conduta humana. Ela dizia de uma característica, pois, diferentemente de mim, não se referia a um fato específico.
O fato foi: eu fiz um trabalho, eu o entreguei no prazo combinado, eu não recebi no tempo certo, eu reclamei. PONTO!
Agora, dizer que eu sou injusta no trato com as pessoas, seria o mesmo que eu afirmar que ela era desonesta; teria o mesmo peso, a mesma seriedade. Eu não fiz isso, em momento algum.
Assim que ela saiu, esbravejando pra quem quisesse ouvir lá da rua, fato aliás que achei um horror, ridículo, pois aprecio a discrição, mandei e-mail dizendo sobre o que ocorreu.
Não recebi resposta, desse e-mail. Ela talvez não o tenha recebido, como disse que não recebeu o da minha cobrança.
Mas o e-mail que eu mandei, enviando anexo o trabalho pronto, ela recebeu sim, a contento.
Esse mundo cibernético é extremamente avançado, não é mesmo minhas gentes? É totalmente "selecionador" de e-mails que merecem ou não serem lidos; a critério de quem recebe, é claro, e não de quem os envia.
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É ou não é uma piada?? Japonesa ou não, mas é uma piada!!
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7 comentários:

UM DIA SEREI EU MESMA disse...

E aí entra o lance do velório, lembra? Nessa ocasião você foi gentil e generalizou as atitudes. Agora que você foi direta, "levou na cabeça".Ainda assim, sou favorável à última atitude. Espero pelo menos que ela tenha pago.
Abraços vários.

P.S. Quando estava na festa junina, lembrei das amigas de Pádiminas. Bjs

Anônimo disse...

Para mim, o problema é que a maioria das pessoas não separam índole de atitude e se ofendem muito quando atacam sua atitude, levando o puxão de orelha como ataque à sua personalidade, etc.
Esta moça tinha pra ela: Eu não sou caloteira e é um absurdo a Rosana me tratar como uma, mas nem percebeu que você não estava dizendo o que ela era ou não, estava chamando atenção para a atitude dela de não ter cumprido com o combinado.
Aiai... vai entender!! rsrs

Mas você tava certa! Se deve tem que pagar oras bolas!!! rsrs

Rosana, não tem post no Guaraná hj não??? rsrs
Passei por lá e fiquei preocupada.

Bjãooo

Anônimo disse...

fiquei de boca aberta com essa história, como pode ter gente tão escrota nesse mundo!!!
ela entrou em méritos errados e queria sair como certa..
o mundo mudou!!

Anônimo disse...

É que esse mundo tá mesmo de ponta-cabeça... e eu inda tô assim: hãnnnnnnnn???

Anônimo disse...

"não existem almoços gratis", ou seja, a atitude dela foi o preço que vc pagou por ser clara, objetiva e defender os seus direitos. tô nem ai com a fulana, dar uma de ofendida é apenas um artificio para negligenciar compromissos. Fico aqui pensando que aspiramos a chegar no primeiro mundo, mas isso somente ocorrerá quando nossas atitudes, as mínimas, corriqueiras e cotidianas, forem serias, responsáveis e assertivas. Creio que vc deu sua contribuição, não permita que o peso da cultura dos "bonzinhos", tão popular por aqui, ofusque sua atitude correta. Pague o preço da incompreensão de uns e outros, algumas atitudes ainda são incompreensiveis para muitos, mas vale a pena. os caminhos se abrem com os passos de alguns.
abraços!

Anônimo disse...

Gente complicada, tá doido!
O combinado não sai caro, não é assim que dizem???

E abstraindo do contexto, eu adorei a construção da narrativa!
Um dia vou escrever como a sra! Se vou!!!

beijo, mainhaaaa!!!!

deusadovinho23 disse...

será que isto pega?
também sou uma moça sensível.rsrsrs
to longe de mal pagadores.Comigo é assim,combino o preço e se não pagar no dia,nada de entrega de toalhas(mesmo sendo com a toalha da pessoa).Eu já aviso antes.Melhor poucos clientes bons do que muitos clientes ruins