terça-feira, 22 de outubro de 2013

Bobos da corte

A conversa entre eles durou inúmeras horas e quando perceberam não havia mais ninguém nas outras mesas. Ela tentou se lembrar como foi parar ali ou se foi ele que veio. Naquela mesa, no caso. Ao casamento sabe como chegou. Ele também sabia. Ela de táxi, ele de táxi... Sem amaras com carona. Tão bom isso, disseram juntos. E os dois não eram daquela cidade. Ele veio em consideração aos pais da noiva e ela, pelo mesmo motivo. Ele era ex-colega do pai da noiva e ela também. Ele de faculdade, ela de serviço.
E no início da conversa descobriram mais coisas e pessoas em comum. Como nunca nos encontramos antes? Pergunta que fizeram na mesma hora. Mas já haviam se encontrado. Ela então se lembrou de uma das festas do casal em que ele era o bobo da corte e apenas ela não achava graça. Só que hoje achou e o que ele contava pareciam ser relatos similares ao daquele dia. Mas aquele dia ela não estava bem. Explica-se.
Ele também se lembrou de uma das festas da pequena do casal, quando a noiva de hoje era pequena, em que ela era a boba da corte. Tudo que ela falava provocava risadas. Ela era engraçada. Para os outros, não para ele. Não estava num bom dia aquela noite. Explica-se.
Foi quando ele se lembrou de como pararam na mesma mesa e ficaram por horas e horas. E bobos que eram, no final da noite apenas ela achava graça nele e vice-versa. Estavam bem. Livres, sem amaras. Justifica-se.
Todos foram saindo de fininho e ficaram entre sorrisos, risadas, gargalhadas e casos sem fim. É, mas depois passamos a conversar seriamente e, vou confessar, ela disse, chorei quando me contou aquela história...
Riram e choraram muito entre os restos da festa. Onde todos foram parar? Não havia mais ninguém.
Foi quando se deram conta da hora e se convidaram, silenciosamente, para o pôr do sol. Sem fotos; sem filtro. Um convite irrecusável a ser registrado na memória e coração.
E foram caminhando em busca, também, de um café da manhã. Sorriram um para o outro, cada um com a melhor lembrança daquela noite. O sorriso virou riso, que virou risada, gargalhada, choro.
Culpa do pôr do sol, esse bobo da corte!!!