domingo, 8 de julho de 2012
De fim
De mudança o casal compra novas mobílias a gosto dos dois e das duas filhas pequenas. Na copa um armário bonito, uma mesa grande com seis cadeiras.
Para proteger a mesa de madeira das brincadeiras das filhas e amiguinhos que usavam: tintas, lápis de cor, tesoura e outros materiais, colocam um plástico transparente grosso à prova de tesouras e coloridos indesejados.
Os anos passam, as filhas crescem e o plástico continua na mesa sobre o forro bordado e bonitinho. O forrinho era trocado semanalmente e o plástico velho substituído por outro novo e de igual resistência, à medida que ficavam gastos e com aparência suja, mesmo limpos.
As filhas crescem mais um pouco, o casal se separa e o plástico lá, teimando em segurar o que já não mais existe: um casamento, um sonho, um plano e um futuro a dois. A quatro, pois duas filhas.
Passado duas décadas e mais alguns anos a dona da casa começa a se sentir incomodada com aquele objeto que parece não querer mais segurar o que não há para segurar. E decide tirá-lo de lá. Ela decide deixar a mesa respirar por si só, sem amarras, sem resquícios de uma união que não mais existe.
O plástico? Sem mais serventia ele se encontra dobrado no canto da mesa a caminho do lixo: o lixo onde se joga a escória do fim.
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4 comentários:
Dos textos que mexem com o coraçao da gente... Lindo lindo.
Oinnnn, sua linda!!!
espero que voce não jogou o plastico fora, estou precisando de um com urgencia para forrar a mesa do meu atelier na hora de fazer decoupage.
por favor diga que ainda ele está ai dobradinho para mim.
isso que chamo de lavar roupa suja, ou melhor jogar o plastico fora!!!!
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