quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quarenta e dois anos e o medo do futuro

Quarenta e dois anos: muito nova para aposentar e meio velha pra recomeçar outra profissão. Aliás, desde quando bancário é profissão, dizem alguns. Bancário é aquele sem especialidade alguma. Sabe muito coisa e, ao mesmo tempo, coisa alguma.
E foi com essa idade que me deparei com o problema mais complicado de minha vida: o tal Pedido de Demissão Voluntária (PDV) que, de voluntária, não tinha nada, vamos combinar. Nunca, em nenhum outro período de minha vida, me senti tão pressionada. 
E por alguns meses sofri muito mais do que quando decidi me separar. É verdade. Vivi um período de muita angústia e insegurança; indecisão e pânico.
Como assim, sair daquele emprego que foi, por muitos anos, meu grande sonho?
Acontece que as opções que ofereceram não cabiam em mim: aposentadoria – sem tempo suficiente; continuar na cidade, me fazendo de boba na Agência, como alguns colegas fizeram – não tinha nada a ver com minha personalidade de gente mais correta; aceitar uma das três cidades que me ofereceram como opção – impossível, porque uma das filhas passava por problemas complicados demais, daqueles difíceis de serem resolvidos longe do lugar de referência.
Fazer o quê?
Enquanto eu não decidia o que fazer com minha vida, resolvi brincar de destino e apontar solução pra cada um dos colegas da equipe. Como é fácil resolver os problemas alheios, minhas gentes. Impressionante!!!
Pra todos eles, sem exceção, encontrei a solução correta. E não é que muita gente o que eu falei bateu??
Menos mal. Mas e pra mim???
Com promessas de um terceiro não envolvido na questão ou envolvido demais, (mas é melhor não definir isso aqui e passar batido, porque né? Traição é fodisss) que jurou me acompanhar em qualquer decisão que eu tomasse, assinei a porcaria do PDV... e, desculpaêê, mas putaquipariô... a partir desses meus quarenta e dois anos dei início à minha quase total decadência. E sozinha!
Sinceramente? Não é que eu tenha me arrependido totalmente da decisão que tomei, porque hoje filha tá bem e penso ter valido muito a pena por essa questão específica, mas eu não aconselho ninguém, absolutamente ninguém, a sair de um emprego se não nasceu pra patrão ou pra ser autônomo. É muito, mas muito complicado. Difícil.
Muitos ridicularizam os funcionários públicos e blablablásss... mas eu amava ser um deles. Amava ter dinheiro definido nos dias 20 de cada mês e que me permitia uma segurança hoje tão distante, de nem saber mais como é; amava ter sábado e domingo; adorava ter férias. Como era bom ter segurança e descanso merecido.
Aos quarenta e dois anos eu vi meu mundo virar de pernas pro ar e experimentei uma vida de senzala constante: doméstica e intelectual e, o pior, eu experimentei e experimento um intenso medo do futuro...
Futuro????
.

Nenhum comentário: