terça-feira, 12 de outubro de 2010

Vinte e um anos e cadê liberdade?


Vinte e um anos seria a idade ideal, ela pensava: finalmente a liberdade.
Nada de pai e mãe para prendê-la em casa nos finais de semana. Nunca entendi porque prendiam tanto essa menina.
Maria não aguentava mais aquela vida. Aos vinte e um seria dona de seu nariz. Não só do nariz, como também dos pés e do resto do corpo.
Maria então (vou chamá-la de Maria que é melhor, vai que ela resolve ler isso aqui...) um pouco antes dos vinte e um resolveu testar sua liberdade. Só que Pedro era um safadinho e ela caiu naquele papo: uma vez só dá nada não.
Dá não, né?
Aos vinte e um anos ela foi mãe dos gêmeos; não se casou; precisou largar a faculdade; não teve e não tem a ajuda dos pais. Além de tudo - a mãe principalmente - joga na cara dela todo dia a maldita frase: "não queria ser livre? Aproveita!!" Isso não é mãe, é madrasta, das más.
Nunca mais Maria foi livre, nem será tão cedo, não enquanto depender desses pais sacanas que só sabem "como não educar"...
Maria continua linda, eu a vi há um dois meses, mais ou menos, mas triste que só... pois presa, né? Inda bem que ela continua bem-humorada. Me disse: "daqui vinte e um anos, Rosana, eu serei livre, meus filhos crescidos, donos dos próprios narizes... e eu, livre, já pensou??"
Tomara. Nem quis contar a ela que eles crescidos, mais presos somos. Deixa quieto, vai que a coisa muda nessa nova geração?

3 comentários:

Luiz Castello disse...

Rosaninha querida.
Não entendi no buchincho, a culpa atribuída por você à mamãe da Maria. O pai solteiro das crianças, ao contrário, é mencionado carinhosamente como, "o safadinho". Qualé? A onda é essa; eu faço tu crias ?
Acho engraçado essas meninas, botam banca de libertárias, em nome do “amor” peitam os valores dos pais, depois quando embucham correm pra debaixo da saia da mamãe.
Minha santa avozinha criou 14, sózinha, depois que meu avô saxofonista e padeiro, morreu em acidente de caminhão. Morava na roça, esfregou roupa no tanque, fazia sabão pra vender, com sebo que pegava no matadouro, sem precisar espalhar filho pela casa de ninguém. Santa Vó Nina!
Minha mãezinha teve dois, apenas, e sequer deixava na casa de vizinho. Pra onde ia, carregava a cria.
Fico bobo com a falta de solidariedade entre as mulheres. Pense na mãe da Maria, deve ter sua idade, abriu mão da própria liberdade pra educar a filha, que em troca furunfou com o safadinho do Pedroca, coitadinhos. E agora? Cê acha que é obrigação da madrasta malvada, sacrificar mais 20 anos de sua juventude pra criar os gêmeos?
Aqui na família é assim. A sobrinha-neta de sangue da minha mulher, por coincidência, pariu gêmeos. A sogra toma conta, o tio paga o colégio, a mãe alimenta, o sogro paga o plano de saúde, e até o ônibus que leva na escola, ela pediu minha mulher pra pagar. Botar filho no mundo assim é legal, né? (o pedroca daqui, recentemente comprou um carrão 0KM)
Beijo fraterno.
PS:Cê fez falta no encontro OeP Rio (gravação do DVD de Caetano).

Sr. Apêndice disse...

Bah, esse foi de fazer a gente se entreolhar, dar de ombros e dizer: "pois é..."

Muito bom o texto! Outro excelente "causo", Rosana! Torceremos pela liberdade da Maria aos 40 então... :D

Rosana Tibúrcio disse...

Mas então, Luiz... há mães e mães, e há mães ruins. A de Maria é, não se compara às mães referenciadas por você, no comentário, entende?
Eu sou uma boa mãe, a de Maria é uma vaca. Nem te conto!
Como eu quis ir ao Rio, Luiz, não havia como. Minha vida é complicadinha. Hoje eu terminei, agora, pra dizer a verdade, uma série de trabalhos pra entregar ontem... e por mais algumas coisas.
A gente se vê ainda.


Sr. Apêndice, tá enchendo a minha bola, hein? Grata.
Já já te faço uma visita. Ando correndinho que só.