terça-feira, 6 de outubro de 2009

"B"anho de chuva e bafão

Sexta-feira, 2 de outubro de 2009. Da senzala doméstica realizada na parte da manhã nem vou contar: muita judiação. Como se não bastasse toda aquela fedaputagem da S.D., havia um avião dentro de minha cabeça, pronto pra "me decolar": dor, dor, como não via há anos na minha cachola.
Definitivamente essa sexta-feira parecia uma daquelas sexta-treze, bem típicas. Micro, que também tinha um avião dentro, tava marcado pro retorno à casa às trezes horas e cadê? Orientanda marcada pra chegar às 14 horas e euzinha aqui, sem micro, sem cabeça, achei melhor transferir tudo pra segunda, já que nada prestava naquela sexta.
Tudo não, eu havia assumido um compromisso com minha irmã: representar meu pai numa homenagem que fariam pra alguns contabilistas, ali no UNIPAM.
Nada da cabeça dar trégua. Eu, que detesto remédio, me vi tomando um segundo em menos de duas horas pra tal dor filha da mãe seguir outro rumo (sai, que esse corpo não te pertence... rs)
E, às dezenove horas, lá vamos nós, eu e minha pititinha, rumo à Faculdade. No meio do caminho: maldição!!! Uma chuva com 395 milhões de pingos (grossos, super grossos) que teimavam em cair, 90% deles, do lado direito do meu corpo já que a única sombrinha que tínhamos não me cobria toda. Atravessar a rua? Só se a barco. Mas cadê ?
Como se não bastasse nos equilibrarmos debaixo de uma só sombrinha, Laurinha e eu, uma coleguinha dela nos grita e pede carona (dãnnn??? Três numa sombrinha??? Minha Santa Camomila!!!)
Roguei todas as pragas que consegui em direção às pessoas odiosas que já passaram por minha vida: um batalhão, diga-se de passagem, já que Rosaninha aqui tem mais de meio século de vida. Tudo beeeemmm! Palavra é palavra, eu dei minha: "vou lá sim, representar o pai, podexá..."
Paramos as três transeuntes debaixo de uma entrada pra um portão de uma casa e Laurinha teve uma ideia brilhante: ligou pra colega de sala e pediu que ela passasse por aquela rua onde estávamos e nos desse uma carona para atravessarmos a lagoa que se formou na entrada do portão da Faculdade. Alívio.
Alívio? Pegamos um engarrafamento. Juro, a menos de meio quarteirão... Ó céus!!
Eu queria voltar pra casa, pois estava “meia” ensopada (literalmente, minhas gentes, meia ensopada mesmo, só do lado direito – que parecia maior que o lado esquerdo. Piadinha imbecil...) Fui impedida: filha e palavra dada.
Desci do carro ensopada do lado direito: cabelo, meio peito, (quer dizer um peito inteiro, mas meio peito, sacam???) a perna direita toda e lá vou eu...
Havia uma exposição de máquinas, livros, diplomas e documentos antigos utilizados na Contabilidade, na entrada do anfiteatro do UNIPAM. Localizei umas máquinas do meu pai e, de câmera em punho, resolvi tirar umas fotos pensando: “uma prova de que vim no babadinho da homenagem, vai que não acreditam em mim”. Fotos tiradas, resolvi andar pra lá e pra cá de boa, matando um pouco a saudade daquele lugar onde frequentei por cinco anos. Pensei em entrar no salão, assistir alguma coisa até dar na hora de Laurinha sair do evento dela lá na Publicidade.
Ainda “meia” molhada, decidi: vou ficar por aqui pra me secar no vento. Tô eu lá de boa e alguém chega perto de mim dizendo que me conhecia e perguntando se eu era filha da mãe... (ela falou o nome de minha mãe, minhas gentes... e do meu pai). Eu disse que sim, e ela perguntou se só eu, das filhas, tinha vindo pra homenagem a meu pai. Respondi sim, meio que sentindo alguma coisa estranha, mas tudo beeeem, quem está na chuva é pra se molhar (piadinha mais sem graça ainda, inda mais pra uma patinha “meia” molhada). A mulher, que era neta de uma grande amiga de meus pais e esposa do organizador do evento, disse que falaria com o marido que eu seria a representante do meu pai (hãnnn??) "Representante de quê?" "Pra receber uma medalha", ela disse. Tudo beeemmm, também. Receber uma medalha é algo bem simples, né? É??? Tá bom!!!!
Entrei lá no recinto e eis que começa o babadinho. Um sujeito de voz bacana dá início às atividades e chama a “tchurma” pra compor a mesa: o diretor da Faculdade (clap clap), um outro homem lá que não entendi o nome nem quem era (clap clap clap). Ouço então: “e agora um dos nossos homenageados, o Sr. Baltazar Guimarães, aqui representado por sua filha Rosana Tibúrcio.” Olhei pra frente, pro lado esquerdo bacaninha, pro meu lado direito todo molhado e pensei: “outro avião na minha cabeça”.
Procurei uma possível segunda Rosana Tibúrcio. Uma xará, por que não? Mas mas cadê?
Eis que euzinha, lá da última fileira do anfiteatro, sabem o que é isso minhas gentes? Então, sacando que era eu que o sujeito chamava sigo, caminho afora: 50% molhada; de cabelinho (tá, limpinho e, graças a Deus lisinho e bonitinho) sem um corte adequado pra um evento daqueles; de blusa metade molhada e, muito provavelmente, mostrando meu sutiã, já que a danada era meio transparente (coisa mais sexy hehehe), de perna direita molhada atravessando aquele salão todo com 395 mil, vezes dois olhos, me olhando e clap, clap, clap, palmas pra mim... hahahahaha.
Subi as escadas, com o auxílio do cavalheiro gentil que tava por ali pra ajudar os velhinhos (owww trem chiqueeeee) e lá vou eu, pro centrão da mesona grande, com porrada de homem à minha esquerda e à minha direita (essa minha direita, toda molhada, bom recordar). Olhei pra baixo e vi um monte de formiguinhas me olhando e pensei: “tô por cima, moçada”.
No que sentei dei logo um jeito de abrir minha bolsa, pegar meu “celulite” disfarçadamente e mandar uma mensagem pra Laurinha: “bafão” e o bafão foi sem o resto que eu queria dizer (eu tava nervosa por demais, minhas gentes e um tanto derretida...). Rapidinho Laurinha responde, assim, daquele jeito resumido dela: “q”. Respirei fundo e completei: “tô na mesa no palco”. E ela rapidinho, de novo: “Que poop! Uhul!” Não sei se ria, se chorava... mas tudo beemmm, num falei que ia representar o meu pai?
Ai gente, tome discurso pra lá, tome discurso pra cá. Um dos sujeitos lá perguntou se eu queria dizer alguma coisa (quase disse sim e contaria a eles a minha saga a caminho da Faculdade... mas nem pegava bem, né?) Sei que depois meu nomito foi falado lá pra eu receber uma medalha e uma carta endereçada a meu pai. Mais clap clap clap, flashs, sorrisos, filmagens e fotos (que nem sei se verei algum dia... e minha máquina lá, dentro da bolsa molhada...).

foto publicada aqui
Minha cabeça? Tinha esquecido minha cabeça. Meu lado esquerdo molhado? Tinha secado. Oppps, não era o esquerdo, era o direito. Fiquei lá curtinho o povo, de boa, me sentindo a “madame”, olhando as formiguinhas lá embaixo e pensando no prazer que esses políticos têm em subir num palco. Owww, o trem é interessante, sabiam? De cima pra baixo qualquer bafão é fácil de administrar...

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7 comentários:

umdia disse...

Que enrascada, hein! Mas na verdade nem foi difícil, né.

umdia disse...

Não vá me dizer que vc gostou de olhar as formiguinhas de cima e vai se candidatar a algum cargo público!!!!!!!!!

Jorge, FLÁVIA disse...

como diria Elis Regina: 'gente fina é outra coisa, entende!?'

hahahaha

tá podendo né, moça.

Palco é algo bom e na sua situação melhor ainda, orgulhosa do Zarico e se sentindo a 'madama'...

muito bem.

Dorei a historinha.

Café e Anfetaminas disse...

Molhada, mas muuito chique meu bem!

Laura Reis disse...

hxsuadhiudashiusdahiusdhiusdh

é verdade, é verdade.

Rafael Freitas disse...

Será que eu ri do diálogo com a Laura pelo celulite???

Rafael Freitas disse...

A sra nem tinha me contado que a tal homenagem tinha sido uma aventura!

E de blusa transparente???
Safadiiinhaaaa!!!